segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A degravação secreta

Esta madrugada eu estava dormindo pesado, quando olha o que me acontece...

Havia começado a trabalhar numa empresa. A empresa presta serviçoes de degravação e tradução. Eu, que nunca tinha feito degravação, resolvi aprender porque afinal dá bem mais dinheiro que tradução. Primeiro trabalho que me dão é uma degravação secreta, com o conteúdo extremamente confidencial, onde as informações não poderiam vazar de maneira nenhuma.

Eis que quando estou analisando a degravação, numa sala escura, sozinha, percebo que o tal trabalho trata-se da conversa entre dois criminosos internacionalmente procurados. O negócio era tão sigiloso que os dois conversam em várias línguas ao mesmo tempo. Começam conversando em inglês, depois português, francês, italiano e quando menos se espera misturam japonês e árabe. Fico horrorizada, pois somente falo três das línguas nas quais eles se comunicam. Quando alcanço o telefone para ligar para minha chefe questionando que procedimentos deveria tomar, sinto uma mão sobre a minha, me impedindo de discar. Olho para cima e vejo um homem de preto, encapuzado, que logo me rende e me amarra em uma cadeira.

Eu sabia demais. Mesmo sem saber do que se tratava mais da metade do documento. A tensão toma conta de mim, mas não consiguia entender o que estava acontecendo. Quando entra na sala a criatura mais asquerosa que já na minha vida. Para me vigiar. O homem de preto sai e eu fico sozinha naquela sala minúscula e escura com aquele ser que me fazia querer vomitar.

O ápice do meu asco é quando ele põe aquelas patas imundas em cima de mim e tentar me agarrar à força. Reajo batendo nele, berrando muito, mas meus gritos pareciam não ter efeito nenhum! Ninguém me ouvia! Foi quando eu resolvi fechar os olhos bem forte e repetir incessantemente: "isso é só um pesadelo! isso é só um pesadelo! isso só um pesadelo".

E foi aí que deu certo. Abri os olhos com muita dificuldade e temor. Tudo estava em seu lugar. Meu quarto lilás. Minha cama de hóspedes bagunçada. O calor. Demorei uns 10 minutos pra ter coragem de me mover. Mais 10 minutos pra ter coragem de levantar. Fui ao banheiro, joguei muita água no rosto. Bebi água na cozinha. Voltei pro quarto. Com muito medo de fechar os olhos e voltar para aquela salinha escura, para ser torturada.

Então me lembrei que ele estava ali no meu pescoço, de onde quase nunca sai. O meu crucifixo. Agarrei-o e não soltei, como se minha mão estivesse com cola. E não parei de rezar incessantes ave-marias. E quanto mais eu pensava no rosto do meu Senhor Jesus, mais eu via o rosto da criatura asquerosa. Mas minha fé foi maior e parti pro Pai-nosso e também apelei pro meu anjo da guarda. E como um milagre, aquele medo desesperador sumiu. E meu corpo flutuou. Pude retornar de verdade ao meu sono e ter a certeza de que nenhum medo pode me vencer.

E comecei a ter bons sonhos.

sábado, 14 de novembro de 2009

Protesto contra o salto-alto

Se você é homem, não vai querer ler o post. Afinal, você não tem idéia de como funciona a experiência abaixo relatada. Mas se quiser ler mesmo assim, só pra dar risada da minha desgraça, pode ler.

Enfim, hoje eu estava linda e ruiva passeando pelas ruas da minha amada Brasília, num salto anabela preto MARA, quando de repente PÁ! Eu desequilibro e caio com as duas mãos no chão. Em frente ao supermercado. 12:30. Sábado. O desastre!

Pergunto, por que salto alto nos faz tão mais poderosas? Por que pra nos sentirmos divas precisamos estar em cima de 10 centímetros?! Oras, as minhas amigas sabem que eu não gosto de salto. Que salto pra mim é só na anabela. Que eu amo rasteirinha e que vivo de tênis.

Isso porque eu não levo o menor jeito pra andar de salto. Não tenho o equilíbrio e nem elegância que ele exige de mim. Mas vivo sendo bombardeada pelas amigas fashionistas com frases: "Ah amiga, coloca um saltinho" ou "Ah Dany, pelo menos um saltinho desse tem que ter no armário!".

Oras, me deixem em paz! Fui toda DIVA, achando que estava abalando no saltão e caí no meio da rua em público. E meu bem, isso não é classe! Isso é fuleragem!

E devo dizer que os momentos em que me sinto mais diva, é quando coloco minha sapatilha Moleca e vou xaxando pelo salão, sem o menor risco de cair do "salto"!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O que é amor-próprio?

É tão difícil dizer o que é certo e o que é errado. É como se você, parando pra pensar, saiba o que fazer, mas na hora em que as coisas acontecem e tomam proporções absurdamente fora do que você imaginava, você joga tudo pro ar e faz tudo o que você jamais pensou ser capaz de fazer.

O mundo dita regras e você tenta se adaptar para não cair. Uma das coisas que eu aprendi com o mundo é que você não deve se anular. Sempre tive isso como um dos princípios da minha vida. Por mais que eu fosse sofrer com alguma perda, eu sempre achei que se aquilo não estava me fazendo bem, eu não deveria me sacrificar. Não deixar que as outras pessoas tomassem as rédeas da minha própria vida, como se pudessem decidir o que é certo ou errado para mim.

Até que ontem aconteceu algo tão fora do comum comigo! Hoje acordei pensando, então, no que é se anular. Até então, eu tinha uma idéia de que eu tomaria todas as decisões que pudessem mudar demais a minha vida. Pensava em amor-próprio, orgulho, respeito por mim mesma. Hoje acordei pensando o que seriam essas coisas.

As pessoas se magoam o tempo todo. Algumas se arrependem, outras não. Algumas pedem desculpas, outras não. Dizem que perdoar é muito difícil e que apenas as pessoas mais nobres são capazes de escolher o perdão ao invés do orgulho. Parece que quando você tem orgulho, as pessoas de fora te vêem com bons olhos. Você sai como uma pessoa forte, capaz de se defender diante da má fé das pessoas nas quais você depositou algum tipo de confiança ou expectativa positiva.

Quando você escolhe o perdão, a compreensão e principalmente não deixa que isso tudo apague os sentimentos sinceros e bons que você nutre em relação à pessoa que te magoou, você sai como fraco. Como pessoa sem amor-próprio.

Ter amor-próprio é desistir de lutar pelas coisas que você quer de verdade? Eu gosto de alguém, essa pessoa me magoa. Eu a perdoo. Vou mais longe, a deixo decidir se ela ainda deseja minha presença em sua vida ou não. Deixo nas mãos dela a minha felicidade ou o meu amor-próprio. Na hora, me sinto muito bem por ter tido a oportunidade de ser escolhida. No outro dia, a ressaca moral me abate e eu fico me perguntando sem parar porque foi que eu me submeti a isso.

Fiz errado? Fiz certo? O que eu fiz? Por mais que eu pense - e acredite, esse é o único pensamento que paira sobre minha cabeça nesse momento - eu não consigo entender e nem encontrar as respostas para as milhares de perguntas que me assolam agora.

Como pode algo parecer tão certo e tão errado ao mesmo tempo? Como pode algo te fazer se sentir tão bem e tão mal ao mesmo tempo? Como pode tantas questões insolúveis?

Estou certa? Estou errada?