
Porém, depois que eu morei em Londres, muita coisa mudou na minha vida e uma delas foi o meu modo de lidar com meus receios. Quando eu saí do Brasil pra viver fora, minha vida era mais ou menos assim: 21 anos, cursando o 4º semestre do curso de Tradução na Universidade Federal de Brasilia, sem emprego, namorando à distância, católica praticante, estudante de violão popular da Escola de Música de Brasília, uma relação boa com meus pais, porém um pouco arredia com meu irmão, insegura em relação a muitas coisas na minha vida. Voltando, eu tinha mudado não meus príncipios em si, mas a minha maneira de encarar a vida e tinha um novo plano. Tinha mudado os meus desejos e as minhas expectativas diante da vida. Como estou hoje?
Vejamos: entrarei no 6º semestre de Tradução. Semestre passado peguei só 3 matérias porque não queria estresse excessivo em minha vida e agora descobri que eu tenho 100 créditos pra fazer até o ano que vem. Uma loucura. Trabalho dando aulas de inglês na Wizard, o último lugar que eu achei que fosse trabalhar. Superei um das minhas maiores inseguranças que era em relação à minha competência quanto ao ensino desta língua. Bom, até agora não recebi reclamações e fui uma das poucas professoras a não ser despedida no fim do ano passado. Estou solteiríssima e curtindo baladas todos os fins de semana. Depois de muito pestanejar, com medo de jogar fora uma bonita história de amor, mas que infelizmente, já havia caído na mesmisse e toda a paixão havia acabado, terminei meu namoro de 1 ano e meio. Não quero NADA na minha vida sem paixão. O que também foi um dos motivos pelo qual me afastei da igreja. Faz mais de 7 anos que trabalho pelo Movimento Escalada, com afinco, com paixão, mas os últimos acontecimentos cortaram toda a gana que eu tinha por levar esse trabalho em frente. Não estudo mais música, mas fiz melhor: entrei numa banda. Tomei coragem de dar minha cara tapa e estou aí, com uma banda em andamento e um teste para uma segunda banda, sábado que vem. Melhorei MUITO minha relação com meu irmão. As brigas foram cortadas a quase zero e temos uma relação de amizade e cumplicidade.
E ontem, realizei mais um desejo que estava aqui guardadinho por puro medo: fazer uma tatuagem. Tatuei uma homenagem à minha cidade amada, Brasília: fiz no pescoço, um calanguinho, que por aqui é símbolo que representa a cidade.
A vida todo dia nos impões barreiras, desafios e propostas. A maioria das vezes a gente foge com medo de falhar. Mas, conselho de alguém que já teve muito medo - e que ainda tem alguns, mas que agora sabe como enfrentá-los em vez de deixá-los dominá-la -: levante a cabeça e vá em frente. Peite! Ria da cara do medo e faça com que ele tenha mais medo de você do que você dele!