Hoje eu estava passando na UnB, a caminho da academia, quando vi um anúncio que dizia o seguinte:
"Aluga-se quarto para rapaz ou moça sem vícios". Daí eu na hora comecei a rir do "sem vícios", do fato de que vício já uma coisa diretamente relacionada à álcool, cigarros e outros tipos de drogas.
Então, só pra variar um pouco, comecei a pensar sobre o significado que vício carrega. Vocês acham que o proprietário se importaria se eu fosse me candidatar à vaga e dissesse que sou viciada em
FRIENDS?! Que não consigo ver só um episódio, que sempre preciso de mais? Que às vezes varo noite vendo episódios - episódios esses que já foram vistos e revistos - e que
influencio pessoas ao meu redor a fazer o mesmo? Será que a pessoa se importaria com o fato de que eu sou viciada em
queijo? No fato de eu comer queijo todo dia no café da manhã e no lanche, de achar que tudo que tem queijo fica mais gostoso? Eita, será que eu deveria avisá-la que eu sou viciada em
estralar todas as partes do meu corpo? Dedo por dedo - das mãos e dos pés! -, pescoço, pé, braço...!
Comecei a pensar que essa mulher (não sei porquê, mas eu pus na minha cabeça que quem escreveu o anúncio foi uma mulher!) vai colocar dentro de casa um baita dum
mentiroso! Sim, porque o anúncio faz uma exigência e supostamente apenas os que atendem à ela poderão se candidatar à vaga. Porém,
não existe pessoa no mundo que não tenha vícios!
O vício da minha amiga
Carol são musicais. O da minha amiga
Babi são celebridades. Do meu irmão, ouvir música no último volume. Da minha mãe, cerveja. Do meu pai, dormir. Todos nós temos nossos vícios. De onde eles vêm?
Nesse momento, parei para buscar no dicionário a origem da palavra
vício. Fiquei chocada com o que li! Aparentemente, precisaremos rever o conceito dessa palavra, porque com o avançar dos anos, ela foi ganhando outras conotações. Pelo dicionário, verificamos que todos os significados que a palavra carrega são
negativos! Mas como pensar dessa forma, se alguém é capaz de pegar essa palavra tão negativa e transformar em uma bela música de amor como essa
aqui do
Kid Abelha?
A verdade é que, ainda bem, somos capazes de transformar as palavras. O fato de todo mundo ter um vício, torna isso algo simplesmente
inerente à natureza humana. É algo sobre o qual não exercemos total controle, mas que de alguma forma nos faz bem. E no caso de muitos, pode ao mesmo tempo, nos fazer muito mal. Eu acho que só precisamos aprender onde fica a
fronteira entre um vício saudável e um nocivo. Se formos capazes de lidar com essa linha tênue, que os vícios sejam bem-vindos. Até por que, são inevitáveis!